A menina, a guerra e as almas: um pouco sobre contar e ouvir histórias
Será que estamos perdendo o hábito de ouvir histórias, especialmente acontecimentos sobre nossos antepassados? Lemos muito, assistimos demais, no entanto é quase tudo sobre pessoas e culturas distantes, que de tanto termos contado por esses meios nos aproximamos e o mundo vai virando uma bolha.
Mas cada pedacinho da terra tem sua personalidade, a história de famílias, de lideres, costumes... Ler A menina, a guerra e as almas faz pensar no gosto que as crianças tinham em ouvir histórias dos 'antigos'.
O livro A menina, a guerra e as almas, de Conceição Senna, é um recorte da vida após a guerra de Canudos. A menina é a narradora, então tudo é mostrado pela perspectiva da memória de quando ela tinha entre sete e onze anos e era uma menina muito observadora e boa ouvinte das histórias dos mais velhos, além de ser muito sensível a tudo o que contavam sobre Lampião, Maria Bonita, o Conselheiro.
Apesar da pouca idade, Cê sabe que tem de ter senso de responsabilidade para ajudar a criar os irmãos mais novos, seus pais vão para Canudos devido ao trabalho do pai, as condições de vida são muito precárias, as mulheres não têm como evitar a gravidez e arriscam a vida em abortos com venenos perigosos, sua mãe tem filho praticamente a cada dois anos e sonha em dar educação a eles, mas demora a chegar uma professora à comunidade.
Cê fala sobre a fome, a tristeza das pessoas, mas também a coragem, o papel importante da fé, incluindo a sincronia com religiões africanas.
Com o pouco estudo, ela já se apega aos livros e à possibilidade de estudar em uma escola de verdade, indo embora de Canudos.
As memórias de Cê lembram um tempo não muito longe quando a criançada não tinha tablet,nem celular e sentava perto dos avós para ouvir como eram as coisas no tempo deles, fatos marcantes, pessoas que já se foram, histórias de assombração. Parafraseando Alice, é sempre bom ouvir uma história.
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