O diabo veste Prada - Se você viu o filme, não conhece o livro


Realmente eu adiei demais a leitura de O diabo veste Prada porque,  qualquer forma, já tinha visto o filme mesmo. No entanto agora que li, não me arrependo e sei que há muitas diferenças na história de Andréa Sachs com sua assustadora e chiquérrima chefe Miranda Priestly.
Uma dessas coisas é, acredito, que o filme humanizou Miranda um pouco, com aquela coisa do divórcio, por exemplo, no livro eu tive muito mais raiva dela. Mas a Andy do livro teve sorte de não topar com a chefe em seus primeiros dias e deu tempo de ir aprendendo o básico de como atender às suas milhares de exigências absurdas.
Então, a história é sobre Andréa, que sonha em escrever, mas não têm oportunidade por não ter experiência, ela acaba caindo na revista de moda onde milhares de garotas dariam a vida para trabalhar como assistente de Miranda. Eu espero que todos notem que é uma história de assédio moral, Miranda faz questão de humilhar e fazer com que as pessoas ao seu redor estejam infelizes e se sintam incapazes 
Quem não viveu uma história de assédio moral? Só porque uma pessoa é seu chefe pensa que pode tratar como lixo. Não tem nada a ver com o livro, mas eu vou falar um caso porque a resenha é minha. Eu nunca tinha trabalhado e adivinha? Precisava de qualquer experiência no comércio de minha cidade. Essa Lan house foi o que apareceu. Os donos eram um dentista e uma funcionária da Caixa econômica e claramente aquele era o lugar de eles se sentirem superiores e nós éramos seus brinquedos. Para, por exemplo, ligar às 23h perguntando por uma trufa de 50 centavos porque eles iriam falir com a possibilidade de algum funcionário ter roubado isso, ameaçar abrir um incrível programa que eles tinham que mostrariam todas as nossas atividades, uma coisa muito Black Mirror para a época. Mas o pior realmente era enfrentar as filas de supermercado diariamente para comprar o presunto e o queijo deles que tinha que ser dois reais de cada. Além, claro, de adivinhar que a madame gostaria de um macarrão sem ovos quando ela mandava comprar macarrão. Não importa se ela não tivesse dado os detalhes, era importante chamar o gerente do mercado pra trocar a compra de um macarrão. O bom é que eu consegui sair de lá antes de um ano porque fui escolhida para um curso que dava bolsa, era uma merreca, quase o mesmo que recebia lá com atrasos e foi suficiente para me liberar e só olhar para trás para ver feliz o dia em que eles faliram de vez.
Voltando a Andréa, que pelo menos trabalhava para ricos e glamorosos, ela queria passar um ano como assistente para ter experiência, mas o trabalho sugava sua vida. Ela tinha que usar roupas de grife e sapatos altíssimos para correr e pegar o café da Miranda em poucos minutos, adivinhar as expectativas dela, estar sempre disponível no telefone, comer pouco para atingir o nível de magreza das outras pessoas no ambiente. Não ter tempo para a melhor amiga, família e namorado.
No fundo achei o namorado dela um pouco embuste, o tipo de homem que cobra demais e apoia pouco. Se ela estava determinada a enfrentar tudo por uma oportunidade na carreira, se ela que estava lá, as suas relações deveriam dar apoio. Todos em volta de Andréa pareciam seguir essa noção de que você tem que se dedicar aos outros e não a si mesma.
Eu não lembro de Lily no filme, mas no livro, ela é a melhor amiga de Andréa, com quem divide o apartamento, há também Emily, a assistente mais antiga de Miranda que provavelmente passou por uma lavagem cerebral e sempre se arrepende quando faz uma crítica involuntária à chefe. Todos circulam Miranda, sendo ignorados e fazendo o impossível para agradar e ninguém jamais pode questionar que ela não tem o direito de agir assim com as pessoas só porque trabalham para ela.
Mas Andréa não decepciona, na hora certa, e sem que seja exigência de outros, ela percebe como tem que agir como a chefe e é libertador para ela e para os leitores. 

Comentários

  1. Olá Daniele! Eu só vi o filme, e como você, nunca fui atrás de ler o livro por conta disso também, mas vendo que tem diferenças, talvez dê uma chance de ler o livro ainda, soube que vai ter continuação dele e me deu mais vontade de lê-lo! Pena que o foco não vai ser mais na Andrea e sim na Emily.

    beijos,

    Jéssica

    pitadadecinemaeleitura.blogspot.com.br

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