Será que a Educação ainda vale a pena?
Eu queria falar um pouco sobre algumas conversas que tive com profissionais mais experientes nesse meu duro ano de dupla jornada. Eu aprecio muito a opinião desses profissionais, que estão em sala de aula testando e experimentado, não os que estão ‘fora de sala’. Para esses últimos tudo poderia ser um mar de rosas e disciplina se os professores se esforçassem mais, se dominassem os alunos, se mantivessem os estudantes como robôs dentro da sala sempre de caderno aberto, boca fechada e esperando o próximo comando.
Seria muito fácil pra nós, se assim fosse, mas alunos são seres humanos também, eles precisam sair pra alguma necessidade, que nem sempre é física, ás vezes precisam mesmo de um momento pra ‘respirar’ e relaxar. O que me parece é que alguns coordenadores e diretores de tanto não suportar mais estudantes não querem nem vê-los em algum lugar que não seja a sala.
E o professor fica no meio de ambos, tentando entender os dois lados e sendo criticado duplamente. O que é notável é que a escola não será mais aceita por muito tempo seguindo esse modelo tão antigo. Frequentemente alunos reclamam de sentirem-se prisioneiros ou escravos. Confesso que fico na dúvida se eles estão certos ou são apenas preguiçosos acomodados, sem futuro.
Será que sabemos e podemos fazer uma escola diferente, agradável, onde o aluno se sinta bem? Será que teríamos apoio para isso, já que fugiríamos muito do tradicional?
Em minhas conversas percebi que os professores que trabalham há anos também não suportam mais esse formato de escola, cadeiras em fila, o professor na frente falando, falando, escrevendo, escrevendo, algo que não interessa aos alunos e dificilmente será útil um dia. Isso quando conseguem falar, pois os alunos preferem jogar peteca, xingar os outros, subir nas mesas, argumentar o quanto seria bom se a escola explodisse ou se o professor da próxima aula morresse de repente, ou como deveria ser bom aquele tempo em que só os filhos dos ricos tinham que estudar, bom era estar livre lá fora brincando na rua, ajudando os pais, não presos aprendendo coisas que não servem.
Alguns colegas apostam que seria melhor ignorar o currículo, o conteúdo e levar uma experiência significativa para os alunos, organizar algo dinâmico que eles gostem e que possam sentir-se livres para participar ou não. Não usar de autoritarismo ou castigar com notas baixas aqueles que não se adaptam. Ou mesmo que esses que não se adaptam não deveriam ser forçados a frequentar o ambiente escolar pelos pais ou qualquer programa social após adquirir o aprendizado básico.
Com a reforma do Ensino Médio alguns colegas estão mesmo com esperança de não ter que enfrentar tantos alunos que odeiam sua matéria, mas são obrigados a estudá-la. Eu, que sempre fui contra essa medida, estou quase me convencendo disso também e lamentando que minha matéria continuará sendo obrigatória e terá talvez uma carga horária maior para o desespero e ódio de alguns.
Com certeza todas as profissões têm um lado muito difícil, mas a nossa está obviamente em uma crise muito maior, muitos profissionais estão doentes e pulando do barco na primeira oportunidade antes de perder a sanidade mental em busca de uma solução para continuar fazendo o que amam sem serem odiados por alunos ou pelos outros profissionais.
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