Romantismo – Teixeira e Sousa
Teixeira e Sousa foi um escritor de
origem muito humilde, mestiço, mas que escreveu o primeiro romance
romântico brasileiro, O filho do pescador (1843). Segundo Alfredo Bosi,
sua escrita fica abaixo mesmo da de Macedo (Aquele d’A Moreninha).
O
romance era o entretenimento das massas naquela época, isso dos que
eram alfabetizados e podia ainda pagar por livros, Teixeira e Sousa
teria a influência de autores mais populares da subliteratura francesa.
Bosi ressalta que hoje a cultura de massa é estudada, porém naquela
época isso não acontecia, portanto autores como Teixeira e Sousa
ficaram muito tempo ‘por fora’ do que é considerado cultura.
Essa postagem será atualizada com o resumo ou resenha do romance O filho do pescador.
Para quem também se interessar pela leitura, deixo abaixo o link para download.
Resumo – O filho do pescador
Contrariando
os conselhos do pai, Augusto se casa com uma bela jovem que acaba de
ficar viúva, vítima de um naufrágio, Laura. O pai alerta que um
casamento movido apenas pelo amor à beleza física trará apenas
arrependimentos, pois a beleza é passageira.
Casado
com Laura e após a morte de seu pai, Augusto vai lhe dar razão, Laura
mostra um gênio forte e caprichoso, mas acaba se tornando mais amorosa
após um incêndio na casa onde moram, no qual Augusto está perto da
morte, conseguindo sobreviver apenas com o auxílio de um escravo que
arrisca a própria vida para salva-lo (!!)
O
casal muda-se para a cidade, enquanto aguarda a reforma da casa em que
viviam, Augusto se ausenta por algumas noites para assistir a reforma e
sempre deixa Laura avisada de quando não retornará. Em uma dessas
ocasiões, ele resolve voltar para casa e encontra um homem fugindo pela
janela, mas uma escrava bonita assegura que tratava-se de uma vista
para ela.
Mal sabe ele que o
vulto era o seu melhor amigo, Florindo, que junto com Laura planeja sua
morte. Poucas linhas depois, o narrador sempre interagindo com o
leitor informa do velório de Augusto e das lágrimas da viúva, que em
seguida troca confissões nos momentos de intimidade com Florindo. Laura
revela que fugiu de casa aos doze anos com o companheiro que faleceu
no naufrágio, de onde foi salva por Augusto e pelo escravo João.
Florindo
mostra remorso por ter se juntado a ela para matar o homem que a
salvou. Ele vai embora, para a revolta de Laura, que logo encontra
outro amante para livrar-se de Florindo. Dessa vez, Marcos é o seu
cúmplice, ele sem hesitação procura Florindo, executa-o e volta para os
braços da viúva loira. Eles levam um susto ao ver Florindo de volta a
janela e chegam à conclusão de que o tiro não foi suficiente para
mata-lo, ele teria conseguido andar até a casa, mas morreu em seguida. A
dupla enterra a vítima no jardim.
Em
seguida, Laura conhece um jovem e belo caçador, eles se encantam
instantaneamente pela beleza um do outro. Ele pede por carta um
encontro ao qual ela manda uma carta aceitando. No horário do encontro,
entretanto, Laura encontra Marcos, que tenta matá-la, ela é salva, mas
não reconhece o seu salvador. O homem que a salva manda que Marcos
abandone o Rio de Janeiro e não procure mais a viúva.
Marcos
vai embora, porém, ele é ladrão, procurado e tem inimigos, um deles
causando a sua morte. Livre, Laura pode pensar em casar com o jovem
caçador, ele comunica ao padrinho, mas ouve uma negativa. O padrinho
marca um encontro para revelar o motivo de sua posição. Lá, revela
todos os crimes e segredos de Laura. Ela fugiu de casa aos doze anos,
teve um filho aos quatorze e foi abandonada pelo companheiro que levou o
filho. Com um novo amante, ela viveu por alguns anos, antes do
naufrágio.
O pai de seu filho deixou o menino com o padrinho, que termina revelando que se trata de Emiliano, o jovem caçador!
Mais,
ele observava Laura desde o casamento com Augusto e pela descrição
soube se tratar da mãe de seu afilhado, observando um homem comprar
veneno para rato, ele interferiu para que o mesmo levasse um remédio
que faria com que pensassem causar a morte, mas na verdade, Augusto
estava em um sono profundo, que só especialistas reconheceriam. Ele
interferiu também para substituir o corpo e tratar a vítima de
envenenamento. Augusto esteve o tempo inteiro vivo e escondido
observando os crimes de Laura.
Mãe
e filho se emocionam e Emiliano pede que perdoem a sua mãe. Alega que
as mulheres são julgadas de forma mais severa pelos mesmos crimes que
os homens cometem e não são julgados. Laura jura que se arrepende e é
perdoada, desde que fique em um convento.
Desde então esta mulher caída é olhada com desprezo; seu nome é acompanhado de um epípeto de infâmia; sua presença revela uma idéia de menospreço… justo castigo de sua fraqueza, é bem verdade! E por que não sofre outro tanto o seu vil sedutor?(…) mas nos vícios contra a castidade, nos vícios contra a fidelidade conjugal, nós nos esquecemos dos castigos que os seguem contra os homens, e só os aplicamos contra as mulheres!
Essa
é a defesa do filho para a mãe que vive em uma sociedade que julga
normal que uma mulher sofra abusos do marido e mesmo que uma menina de
doze anos seja seduzida por uma homem experiente que deveria
dissuadi-la da ideia de abandonar o lar paterno.
Eu fiquei intrigada com esse livro, com a apresentação de uma personagem como Laura, que é interiormente tão diferente do ideal do romantismo e ainda por cima não termina com a morte como punição dos seus pecados“Todavia, o homicídio pode algumas vezes ser justificado pela defesa da própria vida, da honra, da fazenda, etc.
O adultério, porém, nunca será justificável; não obstante, alguém haverá tão indulgente que queira minorar sua intensidade por causa de alguns maus tratos, abusos de alguns maridos, faltas de certos necessários, etc., porém bem miseráveis são semelhantes desculpas, mas demo-las de barato.”
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