Conto Anão de Jardim - Lygia Fagundes Telles

Anão de Jardim é um conto do livro A noite escura e mais eu. É a narração de um anão de jardim sobre o que ele conhece da humanidade. Eu estava olhando mais uma vez os arquivos da faculdade enquanto organizava o OneDrive e lembrei que eu comprei esse livro da Lygia apenas para analisa esse conto.
O anão de jardim que narra a história é um objeto de pedra e está em uma casa abandonada prestes a ser demolida. Enquanto espera o seu fim, ele recorda com amargura tudo o que viu na casa. Ele demonstra desprezo e falta de esperança na humanidade. 
Esse não é um anão divertido e sorridente como os outros, ele é filosófico, observador. Ele foi levado para a casa pelo proprietário que ele chama de o Professor, segundo o anão ele é bom, mas falta coragem e força para viver. A esposa o trai e trama sua morte.
O anão só é espectador de tudo, é como alguém que está vendo os humanos se perderem em seus vícios e nada pode fazer para mudar, para ajudar os bons e punir os vilões, tudo o que ele pode fazer é assistir impassível e se corroer pelo mal que presencia.
As palavras do anão são de alguém que pede a Deus uma segunda oportunidade para contribuir melhor com o mundo, para que possa agir em tudo o que ainda não pôde. Com um simples conto, Lygia nos faz sentir como esse anão, mas nós temos o dom real da vida, podemos agir, mudar as coisas, mudar nós mesmos.
Há uma esperança quando pensamos que nós temos tudo o que esse anão não tinha para mudar a realidade a nossa volta e fazer desse mundo um lugar melhor.

Lygia Fagundes Telles


 Nasceu em 19 de Abril de 1923.
Romances:
 Ciranda de Pedra, 1954
 Verão no Aquário, 1964
 As Meninas, 1973 (Prêmio Jabuti)
 As Horas Nuas, 1989

 

LIVROS DE CONTOS

 Porão e sobrado, 1938
 Praia viva, 1944
 O cacto vermelho, 1949
 Histórias do desencontro, 1958
 Histórias escolhidas, 1964
 O Jardim Selvagem, 1965
 Antes do Baile Verde, 1970
 Seminário dos Ratos, 1977
 Filhos pródigos, 1978 (reeditado como A Estrutura da Bolha de Sabão, 1991)
 A Disciplina do Amor, 1980
 Mistérios, 1981
 Venha ver o pôr-do-sol e outros contos, 1987
 A noite escura e mais eu, 1995
 Oito contos de amor, 1996
 Invenção e Memória, 2000 (Prêmio Jabuti)
 Durante aquele estranho chá: perdidos e achados, 2002
 Biruta, 2004
 Conspiração de nuvens, 2007
 Passaporte para a China, 2011

A NOITE ESCURA E MAIS EU.


• Prêmio Jabuti
Contos:
• Dolly
• Você não acha que esfriou?
• O crachá nos dentes
• Boa noite, Maria
• O segredo
• Papoulas em feltro negro
• A rosa verde
• Um branca sombra pálida
• Anão de Jardim


Personagens:

 Kobold (o anão)
 Professor
 Marieta
 Hortência
 Miguel(Cachorro)
 Adolfo (gato)
Todos são personagens planos.

Narrador Personagem em 1ª Pessoa:

“Meu peito (rachado) continua oco. A
não ser um ou outro inseto(formiga) que
se aventura por esta fresta, não há nada
aqui dentro e contudo ouço o coração
pulsante repeti EU sou”

Tempo Psicológico:

“ Falei em alma, seria um simples feixe
de memórias? Memórias desordenadas,
obscuras. [...] E agora me lembro da noite em
que este peito rachou feito uma casca de ovo:
Hortência entrou aqui trazendo um
pratinho de biscoitos e a caneca
fumegante de chá-mate.”


Espaço Fechado:

“Mas tudo já acabou, as pessoas, os
bichos,desapareceram todos. Fiquei só dentro de
um caramanchão, em meio a um jardim
abandonado. Pela porta (porta?) Deste
caramanchão em ruínas vejo a casa que está
sendo demolida, resta pouco dessa antiga
casa.”

Conto Fantástico


“Num conto fantástico, em nenhum momento o leitor
perde a noção da realidade. Por não perdê-la é que
lhe causa surpresa o acontecimento ou
acontecimentos estranhos, fora do comum ou
aparentemente sobrenaturais que de repente
parecem desmentir a solidez do mundo real até
então descrito no conto. Nesse momento de
surpresa e de perplexidade, está o próprio sal da
literatura fantástica. Daí um dos seus estudiosos,
Tzvetan Todorov, a ter definido como aquela que
provoca, no espírito do leitor, uma dúvida insolúvel
entre uma explicação natural e uma explicação
sobrenatural para os estranhos fatos que ele narra.”
(POE 1996, p. 4)

REFERÊNCIAS

 GOTLIB, Nádia Battella. Teoria do conto. São
Paulo: Ática, 1998. 8ª Edição.
 POE, Edgar Allan . Histórias fantásticas. São
Paulo: Átiva, 1996.

Comentários

  1. Ainda não li nada da Lygia Fagundes Telles, mas tenho vontade de ler, gostei da resenha sobre esse conto, talvez comece por ele.
    Beijos
    Bluebell Bee

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  2. Eu tenho que tomar vergonha nessa minha cara lisa e ler Lygia Fagundes Telles, tenho dois livros dela na estante e ainda não li!

    Pandora
    O que tem na nossa estante

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  3. Li tão pouco da Lygia Fagundes Telles que agora estou pensando que tenho que remediar isso, e logo! Adorei teu texto! <3

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  4. Adorei o conto!
    beijinhos
    https://direitoporlinhastortas-id.blogspot.pt/

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  5. Lygia, pelo conjunto da obra, é uma das melhores autoras que o Brasil já teve.
    Não conhecia esse conto, mas fiquei muito interessado. Parece ser um conto maravilhoso e profundo, sem falar que tem uma perspectiva totalmente diferente.

    Desbravador de Mundos - Participe do top comentarista de maio. Serão três vencedores!

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  6. Nunca li Lygia Fagundes Telles e adorei esse conto. Você conseguiu com essa resenha despertar meu interesse.
    Bjs❤
    Abrir Janela

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