Descoberta do erro do medo.
Tenho certeza que minha admiração por uma pessoa tem relação com a capacidade que ela tiver de me provar que estou errada. Gosto de que me provem que estou errada, mas sutilmente, de preferência adivinhando os meus pensamentos e concordando comigo. Sim, concordando porque aí poderei dizer que errada está a outra pessoa.
Quero dizer é que é evolução do homem não me fez nada bem. Digo isso porque, em algum momento, a evolução favoreceu os cautelosos, os medrosos mesmo. Aquele que foge do perigo sobrevive.
Séculos de evolução podem ter originado pessoas tão cautelosas a ponto de terem medo até de admitir isso.
Estava eu no ônibus cautelosamente ouvindo músicas para evitar conversas de desconhecidos quando senta ao meu lado uma senhora que desconhecia esse truque e sem mais começou a me falar em sua tristeza ao perder o nosso ilustre político em um acidente aéreo no momento em que ele mais se destacava.
Depois de concordarmos no quanto o ocorrido foi lamentável, ela me falou sua opinião sobre as ambições humanas, que ele já tinha um grande cargo como governador e estaria vivo se não tivesse saído de Pernambuco e que as pessoas deveriam se conformar com menos.
Conscientemente, eu discordo disso, assim para evitar acidentes não teríamos evitado nenhum meio de transporte, melhor, nem sairíamos das cavernas e morreríamos de velhice ou doenças.
Nem preciso falar o quanto isso seria estúpido, nossos avanços, entre outras coisas, aumentaram a expectativa de vida.
Entretanto, o meu maldito inconsciente, dominado por algum resquício da Idade da Pedra me faz agir exatamente segundo a filosofia da minha companheira de viagem. Algo lá dentro grita eternamente que devo fugir, que algum perigo espreita, que pessoas e ocasiões parecem ameaçar constantemente.
Talvez isso também tenha uma parcela de verdade. Então vem outro resquício, dessa vez espiritual? esotérico? falando que o certo é se jogar porque as evidências mostram que o que tiver que ser será.
Maktub. Estava escrito.
Ou faça o que tiver vontade porque a vida já é mesmo um desastre. Pequenos ou grandes desastres acontecem todos os dias, estando nós parados ou em movimento, tentando realizar sonhos ou vivendo uma vida mediana. O maior desastre é não tentar aproveitar o intervalo entre um e outro.
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