Laços de Família
Nunca fui leitora assídua de Clarice, li pouco de sua obra até aqui. Isso somando a tudo que ouvi e li sobre ela me fizeram, no entanto, ter uma admiração pela sua forte personalidade. Vejo-a como alguém que foi muito sensível, observadora, critica e mesmo assim forte, marcante.
Na expectativa de conhecê-la melhor e também por ser uma obrigação de minha profissão, resolvi ler Laços de Família e alguns contos me impressionaram muito. Esses são os que mais gostei:
Devaneio e embriaguez duma rapariga - Nesse conto, a personagem está entediada da sua vida como mãe e esposa, sente-se adoentada e sem vontade de executar suas tarefas. Durante um jantar, entretanto, ela se diverte, bebe e percebe que sente-se segura ao lado do marido, ela implica com outra mulher, mais elegante e bem-vestida, e no fim sente-se superior por deduzir pelo corpo da outra que ela não possa ser mãe. Definitivamente não gosto dessa personagem, ela é entediante e limitada. Não é feliz e se contenta em diminuir outra mulher para conseguir dar algum valor a sua existência e voltar para casa satisfeita da vida pela qual já não sentia nem vontade de levantar da cama.
Amor - Esse conto tem uma temático próxima ao anterior, mas a personagem é bem diferente, Ana é agradecida pela casa, marido e filhos que a mantém sempre ocupada, eles estão sempre a exigir dela e é isso que dá sentido a sua vida. Nas horas vagas, quando a casa está em ordem e as pessoas não estão em casa, ela trata de sair e ocupar-se com compras. O que se percebe é que ela precisa fugir de si própria, acontece que durante a volta das compras, do bonde, ela vê um cego mascando chiclete. Essa cena aparentemente banal desencadeia uma epifania. Pode ser uma metáfora com sua vida, ela cega, agindo maquinalmente, o impacto a faz até descer no ponto errado, sentir-se perdida, saindo do roteiro de sua rotina perfeitamente programada. Ela chega ao Jardim Botânico e fica perplexa com as manifestações de vida, as plantas que dão energia e são sugadas e se decompõem para dar mais energia vital. Toda a agonia e reflexão de Ana são tão compreensíveis e próximos daquilo que passamos, em algum momento de nossas vidas, que ela se torna real. É real e desejável o momento em que ela volta pra casa e reencontra os seus, sabendo que nunca mais amará da mesma forma ou será a mesma. Mas está de volta ao seu porto-seguro.
A imitação da rosa - Laura deve ter tido um problema psicológico que a manteve internada, mas agora está em casa, pensando em um jantar que terá com os amigos e o marido, ela não tem filhos. Enquanto espera o marido, planeja usar um vestido marrom, discreto, planeja estar pronta quando ele chegar. Ela pensa em como gosta de sua casa, de sua arrumação impessoal, nada exagerado, ela parece ser o tipo de pessoas obsessiva por limpeza e organização. Nem mesmo a mulher deve ser exagerada, nem loira, nem morena, ela gosta de ter cabelos castanhos e procura não chamar atenção. Lembra que o médico a aconselhou evitar exageros, mas também agir naturalmente. Ela resolve enviar um buquê de flores pela empregada para a amiga, mas assim que dá a ordem, se arrepende, se desespera, porque as rosas são perfeitas e deveriam ser somente dela, ela queria ter um gesto elegante, mas não devia abrir mão de suas rosas. apesar do sofrimento, ela deixa que leve as rosas. E continua a pensar nas rosas, no marido chegando, no vestido marrom, mas algo acontece, o marido chega, preocupado, com medo de estar atrasado, de ser tarde demais, ela não está pronta, e fala que foi por causa das rosas. Talvez a perfeição das rosas tenhas despertado nela a sensação de estar tentando imitar isso, tentando ser a perfeita esposa, dona-de-casa e o desejo de rebeldia.
Feliz aniversário - Nesse conto há o aniversário da matriarca de uma grande família, e o que surpreende é o desprezo que ela sente pelos membros fracos que gerou. Ela demonstra isso apenas com uma cusparada, que ninguém entende, ela despreza filhos, filhas, noras, netos, eles são fracos, sem vontade, estão lá por obrigação.
Outros contos no livro são:
Uma galinha,A menor mulher do mundo,O Jantar,Preciosidade ,Os laços de família,Começos de uma fortuna, Mistério em São Cristóvão , O crime do professor de matemática e O búfalo.
Na expectativa de conhecê-la melhor e também por ser uma obrigação de minha profissão, resolvi ler Laços de Família e alguns contos me impressionaram muito. Esses são os que mais gostei:
Devaneio e embriaguez duma rapariga - Nesse conto, a personagem está entediada da sua vida como mãe e esposa, sente-se adoentada e sem vontade de executar suas tarefas. Durante um jantar, entretanto, ela se diverte, bebe e percebe que sente-se segura ao lado do marido, ela implica com outra mulher, mais elegante e bem-vestida, e no fim sente-se superior por deduzir pelo corpo da outra que ela não possa ser mãe. Definitivamente não gosto dessa personagem, ela é entediante e limitada. Não é feliz e se contenta em diminuir outra mulher para conseguir dar algum valor a sua existência e voltar para casa satisfeita da vida pela qual já não sentia nem vontade de levantar da cama.
Amor - Esse conto tem uma temático próxima ao anterior, mas a personagem é bem diferente, Ana é agradecida pela casa, marido e filhos que a mantém sempre ocupada, eles estão sempre a exigir dela e é isso que dá sentido a sua vida. Nas horas vagas, quando a casa está em ordem e as pessoas não estão em casa, ela trata de sair e ocupar-se com compras. O que se percebe é que ela precisa fugir de si própria, acontece que durante a volta das compras, do bonde, ela vê um cego mascando chiclete. Essa cena aparentemente banal desencadeia uma epifania. Pode ser uma metáfora com sua vida, ela cega, agindo maquinalmente, o impacto a faz até descer no ponto errado, sentir-se perdida, saindo do roteiro de sua rotina perfeitamente programada. Ela chega ao Jardim Botânico e fica perplexa com as manifestações de vida, as plantas que dão energia e são sugadas e se decompõem para dar mais energia vital. Toda a agonia e reflexão de Ana são tão compreensíveis e próximos daquilo que passamos, em algum momento de nossas vidas, que ela se torna real. É real e desejável o momento em que ela volta pra casa e reencontra os seus, sabendo que nunca mais amará da mesma forma ou será a mesma. Mas está de volta ao seu porto-seguro.
A imitação da rosa - Laura deve ter tido um problema psicológico que a manteve internada, mas agora está em casa, pensando em um jantar que terá com os amigos e o marido, ela não tem filhos. Enquanto espera o marido, planeja usar um vestido marrom, discreto, planeja estar pronta quando ele chegar. Ela pensa em como gosta de sua casa, de sua arrumação impessoal, nada exagerado, ela parece ser o tipo de pessoas obsessiva por limpeza e organização. Nem mesmo a mulher deve ser exagerada, nem loira, nem morena, ela gosta de ter cabelos castanhos e procura não chamar atenção. Lembra que o médico a aconselhou evitar exageros, mas também agir naturalmente. Ela resolve enviar um buquê de flores pela empregada para a amiga, mas assim que dá a ordem, se arrepende, se desespera, porque as rosas são perfeitas e deveriam ser somente dela, ela queria ter um gesto elegante, mas não devia abrir mão de suas rosas. apesar do sofrimento, ela deixa que leve as rosas. E continua a pensar nas rosas, no marido chegando, no vestido marrom, mas algo acontece, o marido chega, preocupado, com medo de estar atrasado, de ser tarde demais, ela não está pronta, e fala que foi por causa das rosas. Talvez a perfeição das rosas tenhas despertado nela a sensação de estar tentando imitar isso, tentando ser a perfeita esposa, dona-de-casa e o desejo de rebeldia.
Feliz aniversário - Nesse conto há o aniversário da matriarca de uma grande família, e o que surpreende é o desprezo que ela sente pelos membros fracos que gerou. Ela demonstra isso apenas com uma cusparada, que ninguém entende, ela despreza filhos, filhas, noras, netos, eles são fracos, sem vontade, estão lá por obrigação.
Outros contos no livro são:
Uma galinha,A menor mulher do mundo,O Jantar,Preciosidade ,Os laços de família,Começos de uma fortuna, Mistério em São Cristóvão , O crime do professor de matemática e O búfalo.
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