O que é romance? Para que serve? (E breve histórico do romance)

Histórico do romance, teoria sobre o gênero romance

Todo leitor assíduo já passou, ao menos uma vez, pela situação de ter que explicar que não está lendo por obrigação, não, não é para a escola. Não, eu não estudo demais.

O que é romance? Para que serve? (E breve histórico do romance)
weheartit Emi


Ou pior, vou descrever meu drama pessoal, já aconteceu há muito tempo na biblioteca de minha cidade, Timbaúba, e mais recentemente na de São Vicente Férrer, meu ex- local de trabalho. A pessoa que deveria ser a bibliotecária, vir com uma dessas:

" Pra quer ler romances? É tudo mentira, um mundo perfeito que não existe na vida real, todo mundo nos romances é lindo e termina no final feliz, isso é ilusão".

No, não, nonada.Bichinha, deixa eu te contar, o nome disso aí é novela da Globo, não é romance, não.

Já foi assim, não é mais, ou pode ser, o romance, a Literatura é livre pra ser o que quiser.

Dá um desamor entrar em uma biblioteca ou livraria e ser atendido por alguém que não entende nada de livros, nem falo tanto em livraria, a moça está só vendendo, não é obrigada a conhecer tudo, dá até para perdoar quando perguntam que professor teve a maldade de passar esse livro tão grosso. Mas em biblioteca devia ser sagrado ter um profissional qualificado para entender o nosso apego pelos livros. É estranho que uma pessoa passe dez anos trabalhando em uma biblioteca e nunca tenha curiosidade de ler um livro de ficção.

O que é romance? Para que serve? (E breve histórico do romance)
weheartit.com Nina


Pensando nesses (des)amores, recorri a ajuda de Massaud Moisés para brevemente esclarecer para eles o que é e para que serve esse tal de romance, Lolita, As meninas, Dom Casmurro, não é tudo um mundo perfeito não, mas eu amo mesmo assim. Para isso é sempre bom conhecer um pouco do histórico do romance.

Histórico do Romance

Essa história de o romance sempre retratar um mundo perfeito de ilusão era lá no começo com o Romantismo no século XVIII. Eles tinham a intenção de apresentar histórias com o povo, a sociedade da época, só que nessa época os burgueses estavam em ascensão e meio que patrocinavam muitos escritores, então essa classe foi bastante representada nos romances, e para agradá-los os escritores floreavam as histórias.

“Na verdade, o romance romântico estruturava-se em duas camadas: na primeira, oferecia-se uma imagem otimista, cor-de-rosa, formada do encontro entre duas personagens para realizar o desígnio maior segundo os preceitos em voga, o casamento; apresentava-se aos burgueses a imagem do que pretendiam ser, do que sonhavam ser, e não do que eram efetivamente, correspondente à que faziam de si próprios, mercê da inconsciência e parcialidade com que divisavam o mundo e os homens. Na outra camada, entranhava-se uma crítica ao sistema, algumas vezes sutil e implícita, quando não involuntária, outras vezes declarada e violenta” (Móises, 2006, p 160)

Esse foi só o começo, em seguida outros escritores almejavam aproximar-se mais da realidade, isso se chama verosimilhança,  nomes como Stendhal, Balzac, Dickens começaram a transformar a estrutura do romance, a dar-lhe mais variedades de temas e formas de abordagens. Depois vieram os russos, Dostoievski, Tolstoi, com a análise psicológica.O romance mais que nunca ultrapassa os limites de apenas contar uma história divertida, ele começa a fazer as pessoas refletirem mais sobre a vida ,através dos dramas e inquietações dos personagens que são também os seus, os nossos. De Proust em diante veio evoluindo essa tendência de explorar a sondagem psicológica, a memória, alterar os pontos de vista da narração, fazendo o personagem chegar cada vez mais perto do leitor.
Você pode nunca ter lido esses autores, mas se já leu Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles, já tem uma noção do que é a sondagem psicológica.

E para entender que o romance realmente desvencilhou-se da obrigação de representar histórias felizes, basta ler qualquer obra do Realismo ou Modernismo em diante.
Óbvio que muitos leitores e autores também gostam do Romantismo e de finais felizes e são livres também para gostar e merecem nosso respeito como toda forma de arte. Afinal, segundo Massaud Moisés:


“Focalizado como entretenimento, o romance constitui acima de tudo, nunca é demais insistir, uma história que se conta”.

Como sempre falo, é sempre bom contar ou ler uma história, pena de quem não conhece esse prazer.

weheartit.com Sunandmit


Para saber tudo timtim por timtim, leia mais sobre teoria e histórico do romance em A criação literária- Prosa, Massaud Moisés.

Comentários

  1. Daniele,
    ótimo post! ninguém precisa explicar porque está lendo esse ou aquele gênero, basta ler e ser feliz!
    conheci seu blog através do #FF do Vinte e poucos, estou seguindo ;)
    Bjos!

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