[Resenha] Triste Fim de Policarpo Quaresma
Resenha do livro Triste fim de Policarpo Quaresma / Lima Barreto
Título: Triste Fim de Policarpo Quaresma.
Autor: Lima Barreto
Editora:Ateliê Editorial
Número de páginas:214
Sinopse - Triste fim de Policarpo Quaresma - Lima Barreto
Policarpo Quaresma é um major cheio de idéias nacionalistas que trabalha como funcionário público no início da República. Ao defender que o tupi se torne a língua nacional, é ridicularizado e depois internado como louco. Quando finalmente é solto, vai morar no campo e resolve transformar seu sítio em sede da reforma agrária. Apóia o marechal Floriano na Revolta da Armada mas é ignorado, acabando preso e fuzilado. Uma sátira impiedosa do Brasil burocrático, atual e reconhecível apesar de referir-se a um momento histórico marcante.É um livro que todos os estudantes de Letras e quase todos os vestibulandos têm que ler, mas não é só isso! Eu li por obrigação e acabei entrando na alma do personagem e me encantando. Quaresma é um cara todo certinho, metódico, seus hábitos são tão pontuais que os vizinhos chegam a usá-lo como relógio. O caso do livro é que Quaresma é patriota doente, ele quer reformar o Brasil, eliminando todas as influências estrangeiras. Na primeira parte do livro ele se apega à língua e a questões culturais. Ele vive metido com os livros, vai de casa para o trabalho e vice-versa, então não conhece a maldade humana.
“Desinteressado de dinheiro, de glória e posição, vivendo numa reserva de sonho, adquiriu a candura e pureza d’ alma que vão habitar em homens de uma idéia fixa, os grandes estudiosos, os sábios e os inventores, gente que fica mais terna, mais ingênua, mais inocente que as donzelas das poesias de outras épocas” (Barreto, pg.58).
Tem como não se apegar a alguém assim?
O exemplo de Quaresma mostra que se você tem um sonho e é extravagante, com certeza vai acabar louco ou sozinho, ou os dois. (Ou você pode ter um sonho extravagante e consegui realizar e ganhar fama e dinheiro e aí certamente não ficará mais louco, nem só).
Na sinopse do meu livro tem a pergunta: “Aceitar as diferenças é uma condição para o amor?”
Não há dúvidas de que Quaresma é diferente e por isso poucos o amam ou consideram.
“- O major, hoje, parece que tem uma idéia, um pensamento muito forte.-Tenho, filho, não de hoje, mas de há muito tempo.- É bom pensar, sonhar consola.- Consola, talvez; mas faz-nos também diferentes dos outros, cava abismo entre os homens... ( Barreto – pg 66)
É Triste ver que um homem inteligente e esforçado é tido como louco enquanto bajuladores e enganadores são tidos em alta consideração. Como Genelício, descrito como um sujeito que faz tudo para subir na carreira, bajulador, fala mal dos colegas, e é gente assim que cresce em nosso mundo onde sempre prevaleceu a aparência.
Alguns críticos afirmam que Quaresma é xenófobo, por seu desejo de valorizar as coisas da terra, a cultura dos índios, eu não acho, seu único amigo é um italiano, xenófobos foram os poderosos desse país que sempre privilegiaram apenas os europeus.
Encontrei uma boa forma de saber quantos amigos você tem, se você estivesse em um hospício, quem iria lhe visitar? (No meu caso, acho que só a minha mãe,rs.) Tenha certeza que poucos iriam, uns orgulhosos diriam que nem lhe conheciam direito, outros que sempre lhe acharam meio louco, é o que se passa com Quaresma.
Chama muito a atenção as descrições, os subúrbios do Rio, os camponeses brasileiros que não tinham acesso a ajuda governamental para plantar, enquanto esta era fornecida aos europeus, quanto mais conhecemos a história de nosso país, mais entendemos as origens da pobreza de certas raças e a riqueza de outras, numa nação onde sempre se nega a existência de diferentes raças. Somos todos iguais, mas uns mais iguais que os outros.
Com a leitura fica claro que os seres de boa-vontade estão sozinhos contra todo um sistema cruel. Seja sofrendo com o riso das pessoas comuns ou enfrentando os desmandos dos poderosos. Estamos sozinhos entre uma grande maioria alienada que se conforma da sua desgraça pensando que há vidas piores e uma minoria que se aproveita desse pensamento medíocre.
Em sua reforma agrária, com certeza a pior peste que quaresma encontrou foi o parasita ser humano. O livro acaba nos fazendo refletir sobre nosso próprio patriotismo, quando olhamos para trás percebemos que não temos heróis e nossa história conta sobre homens poderosos que pouco fizeram pelo país, talvez os verdadeiros heróis tenham sido massacrados.
Enquanto me aborreci com a triste história de uma mulher que naquela época não tinha outra perspectiva de vida além do casamento, me surpreendi com seu oposto. Olga, com sua forte personalidade, várias das melhores partes do romance acontecem quando o foco do narrador está em seus pensamentos.
“E ela pensava como esta nossa vida é variada e diversa, como ela é mais rica de aspectos tristes que de alegres, e como na variedade da vida a tristeza pode mais variar que a alegria e como que dá o próprio movimento da vida.”
É o tipo de livro que confunde o leitor, que faz passar horas pensando no sentido da vida. Vale à pena lutar por um ideal mesmo contra tudo e contra todos? E se não der certo, vale a pena se arrepender ou só a luta já se justifica?
Ainda estou pensando nisso tudo, mas acredito que não é uma questão de escolha, quando você tem uma idéia encucada na cabeça não será feliz enquanto não persegui-la de todas as maneiras, mesmo que isso represente o seu fim.
Já ouvi falar bastante desse livro na escola
ResponderExcluirMas nunca parei para ler
* Feliz 2013 *
Beijos
@pocketlibro
pocketlibro.blogspot.com.br
Me lembrou mesmo a época do vestibular... Já faz tempo ehehe, mas quem sabe o leia de novo.. Quando a gente lê por obrigação, como acontece com os vestibulandos, a essência da história passa despercebida... Gostei do post!
ResponderExcluirNunca li nenhum livro deste autor, já vi muitos comentários positivos e quem saiba eu inclua nas leituras deste ano.
ResponderExcluirBjos!!
Cida
Moonlight Books
Olá!
ResponderExcluirOuço muito sobre esse livro na escola, estou no Ensino Médio, então não tem jeito!
Nunca parei para ler, porque até mesmo os professores, citam esse tipo de livro como cansativo e tal.
Mas gostei muito da sua resenha e acho que vou adicioná-lo na minha meta de leitura desse ano!
Beijos!
http://www.papo-literario1.blogspot.com.br
Oi Dani!
ResponderExcluirNunca li esse livro e pra falar a verdade nunca me interessei em ler. Mas adorei a análise que você fez na sua resenha, até fiquei com vontade de ler! Ainda bem que o livro te surpreendeu positivamente.
Beijos,
Sora * Meu Jardim de Livros
Gosto desses livros assim que brincam com a historia e ensinam de uma forma mais legal. Recentemente fiz resenha de O breve verbo e adorei o livro, no caso são jogos verbais. Muito boa a sua resenha.
ResponderExcluirhttp://blogprefacio.blogspot.com.br/
Danni, coloquei teu blog em uma campanha olha lá no
ResponderExcluirhttp://virandoadulta.blogspot.com.br
vê como é e participa você vai amar, o tema dessa campanha que é Leitura (:
Que legal, Lay!! Assim que puder,vou responder :D
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