Dolly


Toda mulher quer ou já quis ser Dolly. Ela é a pureza da humanidade, a confiança nos outros, a espontaneidade. A liberdade de seguir seus verdadeiros anseios e ser fiel a eles, custe o que custar. Quantos de nós não se contenta com uma vida média? A maioria da humanidade sucumbiu ao medo, desconfiança, insegurança, desejo de dias tranquilos e esqueceu que o tempero da vida é a aventura.
Quando esse conto nos apresenta a Dolly, podemos sentir sua energia, seu brilho interior através do relato da recatada Adelaide.


Com seus sonhos ambiciosos e desapego do que é convencional para a sociedade, ela é a expressão da liberdade.

Adelaide é o seu contrário, quer ser secretária e escreve, mas só em seu diário. É lenta e fica totalmente perdida diante da efusividade de Dolly. Ela tem a vida quase toda planejada, sonhos pelos quais não arriscaria perder nem uma aula. Ambas têm a mesma idade, a possibilidade de tornarem-se amigas dividindo uma casa e só.

E o mundo foi feito para Adelaides, ser livre, feliz e confiante é muito perigoso. As aventuras que ela conhece são as estampadas nas revistas que contam a vida dos artistas.Os artistas sempre vistos como desordeiros e sujeitos a todo o tipo de perigo e circunstância.


Dolly e Adelaide nunca chegam a ser amigas, não porque Adelaide é medrosa demais para se misturar com uma moça tão moderna e agitada, sair da pensão a qual está acostumada ou mudar toda sua rotina e correr o risco de ter uma vida diferente, não porque Dolly é artista, bebe, fuma, se entrega a todos os tipos de amigos e vive na farra. Elas não têm mais tempo, apenas pela outra natureza da humanidade, a falta da própria humanidade, a falha que faz com que os outros seres humanos sucumbam ao medo de ousar.
Talvez o mundo seja mesmo para pessoas normais, que seguem uma rotina segura, que já sabem de antemão tudo o que vai acontecer, nenhuma surpresa no caminho, nenhum desconhecido, nenhum sentimento novo, nem para o bem e nem para o mal.


Mas será que assim não fica faltando alguma coisa?




Dolly é um conto de Lygia Fagundes Telles, primeiro do livro A noite escura e mais eu.




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