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Mostrando postagens de abril, 2014

Meus ídolos não são os mesmos

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Não foi uma questão de dominação vencida, esquecida no passado. Humanos escravizando humanos, espancando, matando, objetificando. Pouco importa quem começou, quem participou. Depois da dominação física ficou a psicológica, mais íntima, cultural.  Um câncer transmitido de geração para geração. Eles são bons, bonitos, ricos, inteligentes, superiores. A alforria não libertou as mentes. Ser reconhecido como ser humano já era pedir demais. Ser um negro de alma branca. Agora muitos querem esquecer, dar basta. Eu tenho amigos negros, todos tem um pé na senzala, você é livre, você tem direitos, tem O SEU LUGAR.. Cada macaco no seu galho. Mas já é tarde, muitos já descobriram que não precisam andar em uma linha imaginária traçada por outros. Lupita incomodou muita gente ao ser eleita a mulher mais bonita. Lupitas não querem mais o título de negra bonita, é mulher bonita e ponto. A mais bonita do mundo. Não baixa a cabeça para quem fala que ela seria mais bonita diminuindo o nariz ou com um cabe

Prometo ser feliz amanhã

É tudo mentira essa história de não-vivo-pra-agradar-ninguém, me-ame-como-sou. Eu já quis ser feliz por você e isso seria mudar completamente, eu já quis ser um brilhante sol de verão que atrai a todos, quando na real eu gosto do escuro e do frio e sou escura e fria.  Uma amiga me disse que eu leio errado, leio literatura quando devia ler auto-ajuda. Assim, sem cerimônias, me chamou de depressiva. Eu gosto de ouvir isso porque são poucas pessoas que são sinceras assim comigo, poucas que têm coragem e liberdade pra isso. Mas como eu vou explicar que eu gosto dessa coisa chamada ser depressiva? Amanhã eu vou ficar feliz, eu sempre prometo, vou dizer coisas felizes, sorrir um redundante e sincero sorriso e agradecer a vida que eu tenho. Nós somos raros, os que gostam dos dias nublados e das ruas vazias. Eu sabia que você era um desde a primeira vez que te vi. Aqueles olhos tristes. Como explicar olhos tristes e incrivelmente vivos e brilhantes? A camisa sempre amassada, os cabelos desgren

Noturna

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Que perigos esconde a escuridão da noite? Existe uma idade em que não há perigos, tudo é mistério, objeto de curiosidade. Ela sempre pode esperar ficar um pouco mais tarde, espreitar os gatos pardos na madrugada. Tudo é tão mais intenso, mais verdadeiro, mais necessário. De dia tudo é óbvio, as insonsisses da vida. Já a noite, é repleta de cinzas, brincar de detetive, de onde vêm esses passos? Que segredo guarda a menina que vai devagar pisando no meio fio? Os caras que sussurram e não parecem ter o que temer? Ela não é das luzes, das festas, da agitação. É da solidão, ruas estranhas, más companhias, gente perdida. Nas pessoas mais perdidas é que se encontra a razão da busca pelo sentido, elas não fingem uma felicidade artificial. Mais tarde ela dirá que teve o mais eficiente dos anjos da guarda, deitará cedo e não dormirá porque será sempre uma perdida em uma eterna e infrutífera tentativa de conversão.  Descobriu o que é o medo.