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Criado-mudo (Conto)

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      Eu a via todos os dias, era meio seu melhor amigo e maior companheiro, assim que entrava no quarto, olhava para mim e vinha em minha direção. Uma vez um livro que estava em cima de mim disse que aquela atenção era toda para ele, quem ia perder tempo com um velho criado-mudo? Pois ele se foi, foi substituído por outro livro enquanto eu continuo aqui, não me leve a mal, tive pena dele, mas também tenho meu amor-próprio. Ela era jovenzinha quando me ganhou, eu pertencia a sua tia. Fui para seu quarto que, à época era paupérrimo. Ela ficou toda feliz, passava a maior parte do dia no quarto comigo. Quando mudou de casa, me trouxe junto, sou uma relíquia da família, uma lembrança da tia falecida. E desconfio que sou uma lembrança dela também, da pessoa que foi uma dia porque agora é outra, mas eu sei que sente saudades, já a vi chorando perto de mim, hoje em dia isso é raro, ela aprendeu com a vida e com as pessoas do mundo a disfarçar o que sente e de tanto fingir para os outros